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A dor

Há um espinho na carne de todo mundo que é inerente a nossa condição humana de não sabermos o motivo da existência.  Não bastasse a dor de incertezas, da realidade das injustiças, da dificuldade de vivência consigo mesmo, ainda somos postos ao relacionamento interpessoal. Sem relacionamento com os outros, a dor seria insuportável ao ponto de finalizarmos a existência.  Viver deve estar ligado ao relacionamento.  Mas, a necessidade e a dor parecem coexistirem. Explico, os relacionamentos são baseados no interesse. Não falo de questões financeiras, falo de interesse em sentido amplo. Desde o mais altruísta (se é que existe) quando visamos fazer o outro feliz, até o mais abjeto de interesse que visa só seu bem estar.  Tentando-me livrar de uma lógica puramente capitalista e econômica, de fato os contratos existem cotidianamente, nos relacionamentos. Saber compor esses interesses é o maior desafio. Daí concluir-se que a dor é inerente, porque quando não há acordo ou composição de interesse

Palavras de quem constata incongruências

  - Flagelos... Mesmo que obstinados numa vida cotidiana simples e irrepreensível, ninguém há de se livrar dos pequenos conflitos diários, ainda que se abstenham do desejo de vencer ou de lucrar. - Crenças... Que felicidade é essa, ou tranquilidade, que vem da incerteza? A vida é mesmo uma dúvida, mas é a única. Existe algo além de vida? Eu me julguei certo e inteligente quando descobri que o sofrimento é insuperável. Mas essa ideia pode ser a pior existente, eu de fato não sei a verdade, prefiro crer nela. Tornei-me cético, embora certo de que a verdade há, pois nada mais cético que sua própria contradição. Pessimista, porque é a verdade nua e crua da nossa existência, otimista porque deve haver outra existência. Quem lhe convence? Quem lhe ama? A que pessoa doaríamos os órgãos? Aos nossos queridos? Sim, por sentimento, não por justiça. Qual de nós mereceu o prêmio? Qual de nós merece o prêmio? Qual de nós pode dar sangue para pagar débitos? Qual de nós poderia dar seu corp

Contingências

Há uma contingência na vida que é insuperável. A dúvida do sentido, da razão, do porque as coisas são como são, será sempre um limitador da vida plena.  Alguns propõem uma vida plena, na plenitude da vida não plena, é um subversão atraente.  O paradoxo tão necessário e inevitável, parece ser a única coisa que faz sentido, mas como? É isso, ao mesmo tempo: amor e sua completa ausência!  Ser feliz na tristeza, e as vezes ser triste quando se está feliz. É a contingência de que falo.  O medo disso pode te fazer não ter medo. Nada é matemático, ao mesmo tempo que é. [...] Que é a vida, que é a contingência? Que é o conhecimento, senão a própria ignorância? Quando me ative a tentar refletir sobre o que não me cabe refletir, me senti um completo inexperiente, muito embora isso tenha me trazido experiência. Hoje, a cada noite, cada dia, sei que não me cabe tratar de tais coisas, pois elas em si mesmo tratam de mim, como contingência inarredável.  É, existe um grau de algo comum em todos nós,

Do pretérito imperfeito para perfeição

Cambaleante, eu andava Errante, me achava De sonhos vagantes, me alimentava Tudo antes, na desilusão estava De sorriso triunfante, ela me acordava De cintilante, seu olhar me cativava De agora adiante, não mais trava De passado errante, ao futuro chegava Não mais na imperfeição me encontrarei No futuro do presente, sei que amarei Na luz reluzente, estarei Em seus braços, dormirei Dantes, chorava Doravante, descansarei Outrora, perdido caminhava Agora, pro amor prosseguirei.

Intelecto, títulos e os empregos.

Ter ou não muito dinheiro não define seu intelecto, mas também não exclui que o capital possa advir da sua capacidade de inteligência. O problema brasileiro é que muitas empresas não sabem interpretar quem, de fato, pode otimizar sua forma de trabalho. Se limitam apenas a julgar títulos, ao contrário de verificar o potencial empreendedor e de inovação do candidato. Daí a prova de que o dinheiro não define seu intelecto, pois, por mais competente que você possa ser, se não tiver o título certo para o caso, provavelmente a vaga não será sua. Isso não significa dizer que os títulos não sejam necessários, mas devem refletir se, de fato, a competência do sujeito é verdadeira, é apenas prova de uma condição, e não o requisito em si . (Sobretudo na sociedade que vivemos de disseminação do conhecimento de forma gratuita). Outro problema muito comum é quando se atinge o título requisitado e este não é exatamente o requerido, como por exemplo, o título expedido só por determinada faculdade, o

O sofrimento como parte do processo de humildade

Refletir nem sempre traz benefícios, entretanto seu objetivo não é o contrário. Refletir é racionar, talvez sentir, sem se deixar levar. Se o coração dá aquele aperto é porque seus pensamentos já foram arrebatados pelo medo, não pouca as vezes me senti assim, tentei pensar pelo lado bom, no sentido que brotara em meu ser o que não sentia há algum tempo. Como podemos sofrer e 'resofrer'? Qual peça ainda falta para que aprendamos a não iludir a nós mesmos, talvez seria não enfraquecer nossa auto imagem? Aliás, enfraquecer nossa auto imagem é algo ruim? Refletir nem sempre traz benefícios... A consequência do amor maior que por todos nós foi dado, tão sublime, deveria nos acompanhar durante todos os nossos relacionamentos, mas tão logo o orgulho nos bate à porta, caímos na armadilha da individualidade como se essa auto imagem fizesse sentido. Quero dizer que o sofrer, a dúvida e os questionamento devem nos engrandecer, não nesse orgulho destruidor de relacionamentos, mas sim

Direito como única saída da regulação da sociedade

Não é raro a moral nos obrigar no dia a dia a sermos gente de bem. Ser gente honesta, convenhamos, não é atividade das mais fáceis, sobretudo num lugar de capitalismo selvagem, onde o lucro precede a solidariedade. A moral, a par de sua dificuldade conceitual, parece nos ser inerente. Cada um que pratica o mínimo de raciocínio sobre justiça parece ter uma compreensão do que é bem e mal. Se eu lhe perguntar, por exemplo, se é certo ou errado depositar cheque sem provisão de fundo, provavelmente você irá me dizer que é errado, muito embora não saiba que isso é um crime formalmente previsto em nossa lei (art.171, §2º, VI do Código Penal). Daí surge nosso primeiro problema. A assertiva que expus acima é verdadeira? Alguns poderiam dizer que sim, porque trata-se de clara conduta desonesta equivalente a não pagar suas contas. Ora, haverá os que dirão o contrário. Mas, ainda que se tenha breve discussão sobre o tema, em poucos minutos chegaríamos numa resposta adequada. Problema resolvido?